Judô (português brasileiro) ou judo (português europeu) (柔道 Jūdō?, caminho suave, ou caminho da suavidade) é um desporto praticado como arte marcial, fundado por Jigoro Kano em 1882.
Os seus principais objetivos são fortalecer o físico, a mente e o
espírito de forma integrada, além de desenvolver técnicas de defesa
pessoal.1
O judo teve uma grande aceitação em todo o mundo, pois Kano conseguiu reunir a essência dos principais estilos e escolas de jiu-jitsu, arte marcial praticada pelos "bushi", ou cavaleiros durante o período Kamakura
(1185-1333), a outras artes de luta praticadas no Oriente e fundi-las
numa única e básica. O judô foi considerado desporto oficial no Japão nos finais do século XIX e a polícia nipônica introduziu-o nos seus treinos. O primeiro clube judoca na Europa foi o londrino Budokway (1918).
A vestimenta utilizada nessa modalidade é o keikogi (quimono), que no judô recebe o nome de judogui e que, com o cinturão, forma o equipamento necessário à sua prática. O judogui que é composto pelo casaco (Wagui), pela calça (Shitabaki) e também pela faixa (obi),
o judogui pode ser branco ou azul, ainda que o azul seja quase apenas
utilizado para facilitar as arbitragens em campeonatos oficiais.
Com milhares de praticantes e federações espalhados pelo mundo, o
judô se tornou um dos esportes mais praticados, representando um nicho
de mercado fiel e bem definido. Não restringindo seus adeptos a homens
com vigor físico e estendendo seus ensinamentos para mulheres, crianças e
idosos, o judô teve um aumento significativo no número de praticantes.
Sua técnica utiliza basicamente a força e equilíbrio do oponente
contra ele. Palavras ditas por mestre Kano para definir a luta: "arte em
que se usa ao máximo a força física e espiritual". A vitória, ainda
segundo seu mestre fundador, representa um fortalecimento espiritual.
História
O judô é uma arte marcial esportiva. Foi criado no Japão, em 1882,
pelo professor de Educação Física Jigoro Kano. Ao criar esta arte
marcial, Kano tinha como objetivo criar uma técnica de defesa pessoal,
além de desenvolver o físico, espírito e mente. Esta arte marcial chegou
ao Brasil no ano de 1922, em pleno período da imigração japonesa.
Decadência e renascimento do jiu-jitsu
Em 1864,
o comandante Matthew Perry, comandante de uma expedição naval
americana, obrigou o Japão a abrir seus portos ao mundo com o tratado
"Comércio, Paz e Amizade". Abrindo seus portos para o ocidente, surgiu
na Terra do Sol Nascente uma tremenda transformação políticos-social,
denominada Era Meiji ou "Renascença Japonesa", promovido pelo imperador Mitsuhyto Meiji (1868-1912).
Anteriormente, o imperador exercia sobre o povo influência e poderes
espirituais, porém com a "Renascença Japonesa" ele passou a ser o
comandante de fato da Terra das Cerejeiras.
Nessa dinâmica época de transformações e inovações radicais, os
nipônicos ficaram ávidos por modernizar-se e adquirir a cultura
ocidental. Tudo aquilo que era tradicional ficou um pouco esquecido, ou
melhor, quase que totalmente renegado. Os mestres do jujutsu
perderam as suas posições oficiais e viram-se forçados a procurar
emprego em outros lugares. Muitos se voltaram então para a luta e
exibição feitas.
A ordem proibindo os samurais de usar espadas em 1876 assinalou um declínio em todas as artes marciais, e com o jujutsu não foi uma exceção.
Tempos depois existiu uma onda contrária às inovações radicais. Havia terminado a onda chamada febre ocidental.
O jujutsu foi recolocado na sua posição de arte marcial, tendo o seu
valor reconhecido, principalmente pela polícia e pela marinha. Apesar de
sua indiscutível eficiência para a defesa pessoal, o antigo jujutsu não
podia ser considerado um esporte2
, muito menos ser praticado como tal. As regras não eram tratadas
pedagogicamente, ou mesmo padronizadas. Os professores ensinavam às
crianças os denominados golpes mortais e os traumatizantes e perigosos
golpes baixos genitais2
. Sendo assim, quase sempre, os alunos menos experientes faixas brancas
a machucavam-se seriamente. Valendo-se de sua superioridade física, os
maiores chegavam a espancar os menores e mais fracos. Tudo isso fazia
com que o jujutsu gozasse de uma certa impopularidade, especialmente
entre as pessoas mais esclarecidas.
Nascimento
Baseado nesses inconvenientes,um jovem que na adolescência se sentia
inferiorizado sempre que precisava desprender muita energia física para
resolver um problema, resolveu modificar o tradicional [[1]], unificando os diferentes sistemas, transformando-o em um veículo de educação física2 .
Pessoa de alta cultura geral, ele era um esforçado cultor de jujutsu.
Procurando encontrar explicações científicas aos golpes, baseados em
leis de dinâmica, ação e reação, selecionou e classificou as melhores
técnicas dos vários sistemas de jujutsu,juntamente com os imigrantes
japoneses dando ênfase principalmente no ataque aos pontos vitais e nas lutas de solo do estilo Tenshin-Shinyo-Ryu e nos golpes de projeção do estilo Kito-Ryu. Inseriu princípios básicos como os do equilíbrio, da gravidade e do sistema de alavancas nas execuções dos movimentos lógicos.
Estabeleceu normas a fim de tornar o aprendizado mais fácil e
racional. Idealizou regras para um confronto esportivo, baseado no
espírito do ippon-shobu(luta pelo ponto completo). Procurou
demonstrar que o jujutsu aprimorado, além de sua utilização para defesa
pessoal, poderia oferecer aos praticantes, extraordinárias oportunidades
no sentido de serem superadas as próprias limitações do ser humano.
Jigoro Kano tentava dar maior expressão à lenda de origem do estilo Yoshin-Ryu (Escola do Coração de Salgueiro),
que se baseava no princípio de "ceder para vencer", utilizando a não
resistência para controlar, desequilibrar e vencer o adversário com o
mínimo de esforço. Em um combate, o praticante tinha como o único
objetivo a vitória. No entender de Kano, isso era totalmente errado. Uma
atividade física deveria servir, em primeiro lugar, para a educação
global dos praticantes. Os cultores profissionais do jujutsu não
aceitavam tal concepção. Para eles, o verdadeiro espírito do jujutsu era
o shin-ken-shobu (vencer ou morrer, lutar até a morte).
Por suas idéias, Jigoro Kano era desafiado e desacatado
insistentemente pelos educadores da época, mas não mediu esforços para
idealizar o novo jujutsu, diferente, mais completo, mais eficaz, muito
mais objetivo e racional, denominado de judô. Chamando o seu novo
sistema de judô, ele pretendeu elevar o termo "jutsu" (arte ou prática)
para "do", ou seja, para caminho ou via, dando a entender que não se
tratava apenas de mudança de nomes, mas que o seu novo sistema repousava
sobre uma fundamentação filosófica1 .
Em fevereiro de 1882, no templo de Eishoji de Kita Inaritcho, bairro de Shimoya em Tóquio, Jigoro Kano inaugura sua primeira escola de Judô, denominada Kodokan3
(Instituto do Caminho da Fraternidade), já que "Ko" significa
fraternidade, irmandade; "Do" significa caminho, via; e "Kan",
instituto.
No Brasil
No fim da década de 1910 e no início da década seguinte, Takaharu (ou Takaji) Saigo,
4° dan de judô, ensinava a arte na cidade de São Paulo, em sua academia
localizada na Rua Brigadeiro Luiz Antonio. Em 1922 e 1923, ele chegou a
fazer demonstrações da arte perante personalidades políticas e
militares da época e teve alunos tanto japoneses quanto não japoneses.
Diz-se que Takaharu Saigo era neto de Takamori Saigo, um dos homens mais
importantes da Restauração Meiji no Japão.
O conde Coma (Mitsuyo Maeda), como também era conhecido, fez sua primeira apresentação em Porto Alegre. Partiu para as demonstrações pelos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, transferindo-se depois para o Pará em outubro de 1925,4
onde popularizou seus conhecimentos dessa arte. Outros mestres também
faziam exibições e aceitavam desafios em locais públicos. Mas foi um
início difícil para um esporte que viria a se tornar tão difundido. Essa
ida do Conde Koma para o estado do Pará, resultaria em seu contato com
Gastão Gracie, dono de circo local, e o contato do Mestre japonês com o
Clã Gracie, originaria num futuro próximo o desenvolvimento do Jiu Jitsu brasileiro.
Um dos primeiros torneios de judô foi realizado no dia 01 de maio de 1931 na cidade de Araçatuba, estado de São Paulo. Organizado por Yuzo Abematsu,
4o dan e ex-professor de judô da Escola Superior de Agronomia de
Kagoshima, da Segunda Escola de Ensino Médio e do Batalhão da Polícia do
Exército do Japão, o torneio incluiu lutas contra boxe e luta greco-romana.
O judô no Brasil passou a ser organizado e largamente difundido a partir de agosto de 1933, com a fundação da Hakkoku Jûkendô Renmei, a Federação de Judô e Kendô do Brasil,
por ocasião do 25o aniversário da imigração japonesa ao Brasil. Do lado
do judô, foram membros fundadores as seguintes personalidades: Katsutoshi Naito, Tatsuo Okochi, Teruo Sakata e Zensaku Yoshida.
Nessa época, além dos quatro mestres supracitados, o judô no Brasil contava também com o mestre Tomiyo Tomikawa e com Shigejiro Fukuoka, mestre de jujutsu tradicional. Estes seis mestres eram os principais expoentes do judô na época, dentro do âmbito da Hakkoku Jûkendô Renmei.
Um fator relevante na história do judô foi a chegada ao país de um grupo de nipônicos em 1938. Tinham como líder o professor Ryuzo Ogawa e fundaram a Academia Ogawa, com o objetivo de aprimorar a cultura física, moral e espiritual, por meio do esporte do quimono.
Apesar de Ryuzo Ogawa ser um mestre de jujutsu tradicional, chamou de
Judô a arte marcial que lecionava quando este nome se popularizou.
Portanto, ensinava um estilo que não era exatamente o Kodokan Judo, o
que não diminui sua enorme contribuição ao começo do Judô no Brasil. Daí
por diante disseminaram-se a cultura e os ensinamentos do mestre Jigoro
Kano e em 18 de março de 1969 era fundada a Confederação Brasileira de Judô, sendo reconhecida por decreto em 1972.
Hoje em dia o judô é ensinado em academias e clubes e reconhecido como
um esporte saudável que não está relacionado à violência. Esse processo
culminou com a grande oferta de bons lutadores brasileiros atualmente,
tendo conseguido diversos títulos internacionais. É o esporte coletivo
brasileiro que mais conseguiu medalhas olímpicas.
Academia Terazaki
Réplica do primeiro templo de judô do Japão, o Kodokan, a Academia
Terazaki, ou Clube Recreativo de Suzano Judô Terazaki, é a primeira
academia de Judô da América e começou a ser construída no ano de 1937
por Tokuzo Terazaki, que idealizava difundir os ensinamentos do judô. A
conclusão foi em 1952 e na construção contou com o apoio de muitas
pessoas ligadas à colônia e até do Japão. A academia fica localizada na
cidade de Suzano, região metropolitana de São Paulo.
Tokuzo Terazaki, ou mestre Terazaki, como é conhecido por seus
discípulos, nasceu em 16 de agosto de 1906 em uma aldeia chamada
Tominami, entre as cidade de Sihinjo e Yamagata, no Japão. Filho do sr.
Tsuruki e D. Shingue, foi o terceiro filho.
Depois de terminar o curso primário, foi para a cidade de Yamagata
onde matriculou-se na escola agrícola. Logo depois migrou para Tóquio,
onde trabalhava na indústria Kubota de Ferro. Nas horas de folga
treinava na academia do sr. Torakiti, Masateru Futakawa, onde aprendeu
ju-jutsu com os fundadores do estilo.
Mais tarde no Kodokan, sob a instrução do mestre Mifune conseguiu
título de graduado. Atualmente, as aulas na academia Terazaki são
ministradas pelo sensei Celso Tochiaki Kano, que foi aluno do mestre
Terazaki e segue os passos.
Em 1928, mestre Terazaki casou-se com D. Kiyoe, tendo como padrinho o
professor Futakawa. Kiyoe trabalhava na Kanebo, uma empresa de
tecelagem e fiação, que mais tarde Terazaki conheceu o presidente por
meio da esposa e quando este iniciou a exploração na região da Amazônia,
Terazaki colaborou na convocação de voluntários para a imigração. Além
de convocar, decidiu participar da imigração chegando em Belém no Pará,
em 1929. Sua chegada, marcada pela epidemia de malária e o poço em que
utilizavam para estava infestado de amebas. Na época, dezenas de pessoas
morreram, incluindo Teruko, a filha de Terazaki.
Em 1933, da ligação que teve com Katsutoshi Naito em Tóquio no
Kodokan, veio a influência da vinda a Suzano, onde após quatro anos na
Amazônia, chega a cidade, onde atua no cultivo de morangos na plantação
de Naito.
Enquanto atuava na agricultura, crescia a fama de sua técnica como
judoca e frequentemente era convidado a ensinar a arte marcial em
Suzano. Em 1934, após um ano de trabalho na plantação de Naito, Terazaki
compra um terreno no Bairro da Vila Urupês, em Suzano, onde abriu uma
academia de judô e também fazia atendimento a todos os casos de fratura
óssea e técnica ortopédica em geral de forma voluntária.
Após a II Guerra Mundial,
foi organizada uma associação de graduados em judô. O presidente foi
Katsutoshi Naito e Terazaki era vice. Com o aumento de adeptos veio a
seguir a necessidade de organizar a Federação Nacional de Judô.
Das demonstrações da modalidade a Marinha veio a introdução da
modalidade no exército. Na mesma época com o apoio de seus discípulos,
amigos, iniciou-se campanha para angariar recursos para a construção da
academia. Os resultados discípulos abriram academias por Estados
brasileiros como Rio de Janeiro, pelo exercito, polícia
Outra faceta pouco conhecida do mestre é a fama de deus do Izumo, ou
[Santo Antônio], o santo casamenteiro pela facilidade de unir casais,
que foram ao menos 400.
Pelos trabalhos prestados a policia militar do Rio de Janeiro, a
academia de Agulhas Negras e a policia rodoviária recebeu várias
condecorações. Em 1958 recebeu titulo de cidadão suzanense.
Os três princípios
Ver artigo principal: Princípios do judô
Os princípios que inspiraram Jigoro Kano quando da idealização do judô foram os três seguintes:
- Princípio da máxima eficiência com o mínimo de esforço (seiryoku zen’yo)
- Princípio da prosperidade e benefícios mútuos (jita kyoei)
- Princípio da suavidade, ou seja, o melhor uso de energia (ju)
Graduações
As promoções no judô baseiam-se em exames que incidem sobre
requisitos tais como: duração de tempo de treino, idade, caráter moral,
execução das técnicas especificadas nos regulamentos6 e comportamento em competições. No caso de promoção de kiu(classificação), faixa branca a marrom é outorgada pela associação, no caso de promoção as graduações de dan, até 5º dan
são realizadas pela banca examinadora da Liga ou Federação Estadual, as
outras graduações superiores pela Confederação Nacional.
Os graus no Judô dividem os alunos nos grupos: Dangai (da faixa branca à marrom)6 Yudan (do 1º ao 5º Dan) 6 Kodanshas (faixa "coral" e faixa vermelha)6 . O mais alto grau concedido é a extremamente rara faixa vermelha Judan (10º Dan) que até o ano de 2009
fora concedida apenas a 15 homens, sendo que até a referida data 3
ainda eram vivos (Toshigo Daigo, Ishiro Abe, Yoshimi Osawa) os três
promovidos dia 08/01/2006 pelo Kodakan. Em 2010, o judoca britânico George Kerr recebeu a promoção de 10º Dan pela Federação Internacional de Judô, sendo o único deste grau ainda vivo7 .
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